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Criando espaço: como vencer a pressão



Autor Marcelo Antonelli

Revisado por Vinícius Nagy Soares



Introdução

O movimento efetivo com e sem a bola é fundamental para vencer a pressão adversária e criar espaços durante o jogo de futebol. Para o desenvolvimento dessa capacidade, o futsal, quando praticado com certos níveis de estratégias, pode ser uma ferramenta importante em razão das características específicas da modalidade, as quais já foram abordadas em artigos anteriores.


O futsal exibe movimentações mais sofisticadas em comparação ao futebol de campo. O atleta que possui experiência no futsal adquire um amplo leque de ferramentas para lidar com a pressão adversária. Além disso, pode-se usar as estratégias do futsal para melhorar a qualidade dos jogos em campos reduzidos, estimulando os atletas a tomarem decisões mais assertivas sob pressão.


Superando a pressão

Desenvolver jogadores capazes de superar a pressão adversária é um dos grandes desafios dos treinadores de futebol de todas as categorias. Em termos gerais, criar linhas de passe mesmo sob pressão é uma capacidade que permite a equipe manter a posse de bola e/ou penetrar na defesa adversária. Para alcançar o resultado esperado, a ação deve ser realizada no momento exato, o que não trivial. Neste artigo, explicarei como desenvolver essa capacidade por meio de métodos amplamente difundidos nos campos de futebol.


Abordagem tradicional

A forma mais comum se baseia em abordagens analíticas, sem oponentes e com acessórios (ex. cones) que servem para nortear o deslocamento dos jogadores, induzindo-os a realizarem determinada sequência de movimentos.


Há treinadores que se valem de um ambiente em que a pressão é construída a partir de situações específicas, como um cenário de 3x3 em um espaço reduzido. Alguns treinadores vão além e controlam o comportamento defensivo dos jogadores, optando, por exemplo, pela pressão alta individual contra o oponente.


Apesar de existirem inúmeras abordagens, o resultado nem sempre é o ideal. Não podemos culpar os jogadores por “fracassarem”. É importante entender o processo e seus desafios. E, para ajudar, enfatizarei a seguir como o futsal pode dar mais um passo em direção ao êxito.


Ambiente de jogo do futsal e estratégias

Para desenvolver soluções individuais ou coletivas contra a pressão no jogador que deseja receber a bola, é importante criar um ambiente de treino que seja compatível com o objetivo. Para isso, alguns aspectos devem ser considerados, como:

· O espaço deve ser limitado,

· A defesa deve pressionar as opções ao redor da bola.

· Os jogadores precisam ler os espaços e encontrar soluções individuais ou coletivas.

· Manter a posse de bola contra a pressão alta ajudará os jogadores a desenvolverem suas capacidades cognitivas e emocionais, estimulando-os a criarem estratégias mais efetivas.


O futsal bem estruturado pode responder a todas essas demandas. A interação entre os espaços reduzidos dos jogos, o tamanho do gol e as estratégias defensivas desenvolvidas no futsal exigem que o ataque se adapte e encontre soluções para a superação das defesas.


Uma dessas adaptações ao ambiente tornou-se um movimento típico do futsal: “o gato”; em Inglês,“check-out”. A expressão, em Português, “dar um gato”, refere-se à agilidade e à velocidade dos movimentos do felino: um movimento inicial seguido de outro em uma direção contrária ou diferente a fim de ganhar tempo/espaço para receber a bola longe do adversário. Trata-se de um termo amplamente usado no futsal e também por alguns treinadores brasileiros de futebol de campo. Por ser constante no futsal, "dar o gato" é uma capacidade bem desenvolvida na maioria dos jogadores de alto nível.


No entanto, as soluções vão muito além disso. As defesas organizadas e de pressão alta são frequentes no futsal. Como consequência, as equipes precisam encontrar várias maneiras de manter a posse contra esse tipo de pressão e infiltrar no momento certo. Alguns dos requisitos para ter sucesso, são: movimento consistente da bola, reciclagem dos movimentos, troca de posições e outros "bons hábitos".


É no contexto da pressão que os rodízios se destacam no futsal. Os conceitos são semelhantes às sequências de passes que muitos treinadores utilizam no futebol de campo, diferindo-se na possibilidade de manutenção da posse contra pressão total, o que exigirá dos jogadores uma variedade de capacidades táticas relacionadas à leitura do jogo e à reação rápida. Com isso, durante a execução, os jogadores estão sempre olhando ao redor, lendo o defensor e fazendo mudanças rápidas de direção para penetrar ou pelo menos criar espaços para manter a posse de bola.


Falarei mais sobre os “rodízios” em um artigo futuro, mas, semelhante a outros elementos do futsal, os rodízios estimulam soluções de pequenos grupos para resolverem os problemas do jogo. Em um artigo futuro também abordarei como as estratégias do futsal podem ser adaptadas e usadas como jogos reduzidos no futebol de campo.

Para exemplificar os conteúdos deste artigo, apresento algumas soluções frequentemente usadas no futsal para superar a pressão adversária.


Exemplos de soluções do futsal

É importante entender que os movimentos não são como jogadas ensaiadas que só podem ser utilizadas quando chamadas por algum código. Pense em um 1-2 (tabelinha). Seus jogadores podem aplicá-los durante o jogo, quando leem um cenário e acreditam que é um bom momento para usá-lo como uma combinação/maneira de conectar/quebrar uma linha. O mesmo raciocínio se aplica a todas as "estratégias" ou "soluções" apresentadas abaixo.

Colocamos também os termos que usamos em Inglês, já que eles são usados nos nossos vídeos (links abaixo).


“Dar o gato” (Check-out): Movimento que já foi discutido nesse artigo. Ao comparar essa estratégia no futsal e no futebol, não há diferença conceitual. O futsal apenas oferece um ambiente ideal para o desenvolvimento desse tipo de estratégia.



“Balanço” (See-saw): Imagine um cenário 2x2. Um jogador passa a bola para o outro e avança. O defensor corre de volta para defender. O jogador que iniciou a corrida volta ao local inicial. O outro jogador faz o mesmo. O cenário se repete até que os defensores façam algo diferente e os jogadores atacantes tentem penetrar. Observe no vídeo. Em um próximo artigo abordarei esse tema com maior profundidade. Ressalto que você deve pensar nisso como uma ferramenta para desenvolver a capacidade de leitura do adversário e de conexão.


Saídas de pressão (Take-off): para escapar da pressão às vezes os jogadores "decolam", ou seja, afastam-se da bola, não necessariamente querendo receber diretamente o passe, mas visando criar espaços para um terceiro jogador infiltrar e receber a bola.


Troca de posição fora da bola (switching positions): Imagine que o jogador que iniciou a saída de pressão percebe que não receberá a bola; em vez disso, recicla (reinicia) a corrida, enquanto o terceiro jogador assume a posição do jogador que “decolou”. Basicamente, eles estão trocando posições a fim de criar espaços para receberem a bola.


Essas são apenas algumas das estratégias que os jogadores podem aprender e dominar enquanto estão sob pressão nas quadras de futsal. Esses princípios podem ser transferidos e utilizados no futebol de campo. Para saber mais, adquira o livro “SOCCER POWERED BY FUTSAL” e fique ligado em nossas redes sociais. Até breve!


Fique ligado nas nossas redes sociais para receber em primeira mão nossos vídeos e artigos. Até breve!

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